terça-feira, 21 de março de 2017

Intento


Intento


Nesta obra represento fragmentos imaginários de um projetista concentrado no seu trabalho. Em meio a inúmeros pensamentos, num curto período ele esboçou aleatoriamente algumas linhas em um pedaço de papel, na tentativa de propor algo para si mesmo com o auxilio de imagens formadas e correlacionadas com seus próximos pensamentos, imagens subjetivas fixadas com o intuito de atingir um objetivo. Remetem a vibração de uma explicação sem palavras, um pensamento aberto o qual foi reproduzido com aquarela em papel Canson texturizado.

De acordo com a teoria lacaniana sobre a arte, considero a obra Intento um exemplo de que o imaginário só pode operar sob determinadas coordenadas –, essa coordenada refere-se à representações pautadas que englobam toda nossa experiência e entendimento sobre o mundo. E essa coordenada é necessária por conta da insuficiência de definição de qualquer traço significante por si mesmo, quer dizer, estão circunscritos em um cenário que o situa numa realidade transitória, a fim de decifrar as possíveis resultantes com sua experiência.

Segundo a psicanalista Renata Wirthmann (Pós-doutorado em Teoria Psicanalítica UFRJ), para se compreender uma obra de arte, não basta interpretá-la iconograficamente, tomando-se por base apenas as imagens, os ícones, os símbolos que nela estiverem reunidos. Antes, é necessário olhá-la como algo jamais completamente compreendido, conhecendo nela seu caráter de enigma. E, ainda que assim seja, não se desvendará completamente o tal enigma. Apenas alguns de seus sentidos parciais emergirão para aqueles que estiverem cientes de que sempre faltam, não só palavras, como possibilidades de se encontrar na realidade todos os componentes de uma obra de arte. (https://lacaneando.com.br/contorno-do-vazio-uma-leitura-lacaniana-sobre-a-arte/)