terça-feira, 6 de setembro de 2016

Nova obra - Revolta


A obra Revolta mede 69 x 51 cm.
Como todos os trabalhos, este também é criado com a técnica metaloplastia e patina.
As cores mudam conforme a incidência de luz, acima a obra recebe iluminação somente de luz focal (spot) amarela.
Abaixo somente iluminação ambiente amarela.



 Esta última imagem recebe iluminação ambiente branca e focal amarela.




REVOLTA

Alma que sofres pavorosamente
A dor de seres privilegiada
Abandona o teu pranto, sê contente
Antes que o horror da solidão te invada.

Deixa que a vida te possua ardente
Ó alma supremamente desgraçada.
Abandona, águia, a inóspita morada
Vem rasteja no chão como a serpente.

De que te vale o espaço se te cansa?
Quanto mais sobes mais o espaço avança...
Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.

Volta, ó alma, ao lugar onde partiste
O mundo é bom, o espaço é muito triste...
Talvez tu possa ser feliz um dia.

VINICIUS DE MORAES,  Rio de Janeiro, 1933.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

William Adolphe Bouguereau (1825-1905)

 Les Oreades Oil on canvas 1902 236 x 182 cm (92.91" x 71.65")

Palavras de Bouguereau:"A teoria não tem lugar.... na educação básica do artista. São os olhos e as mãos que devem ser exercitados durante os impressionáveis anos da juventude.... É sempre possível mais tarde adquirir o conhecimento necessário para a produção de uma obra de arte, mas nunca - e quero enfatizar este ponto - nunca a vontade, a perseverança e a tenacidade de um homem maduro bastarão se a prática for insuficiente. E pode haver angústia maior do que aquela sentida pelo artista que vê a realização do seu sonho prejudicada por uma execução medíocre?" 

Willian Adolphe Bouguereau (La Rochelle, 30 de novembro de 1825 - La Rochelle, 19 de agosto de 1905) foi um professor e pintor acadêmico francês. Com um talento manifesto desde a infância, recebeu treinamento artístico em uma das mais prestigiadas escolas de arte do seu tempo, a Escola de Belas Artes de Paris, onde veio a ser mais tarde professor muito requisitado, ensinando também a Academia Julian. Sua carreira floresceu no período áureo do academicismo, sistema de ensino do qual foi um ardente defensor e do qual foi um dos mais típicos representantes.




Para apreciar plenamente a Arte de Bouguereau é preciso professar um profundo respeito pela disciplina de desenho e a arte da tomada de imagem tradicional; da mesma forma deve submeter-se ao mistério da ilusão como um dos poderes mais característicos e sublimes da pintura. Vasto repertório de imagens lúdicas e poéticas de Bouguereau não pode deixar de apelar para aqueles que são fascinados com as aparências da natureza e com a celebração do sentimento humano franca e descaradamente expressa.

Mas continuamos a entender, que de muitas maneiras o estilo de Bouguereau é único, exatamente o que o artista tenta representar. Embora Bouguereau foi classificado por muitos autores como um pintor realista, devido à natureza fotográfica aparente de suas ilusões, de outro modo tem pouco em comum com outros artistas pertencentes ao movimento realista. À Bouguereau considera-se seus gostos eclético, e seu trabalho, de fato apresenta características peculiares ao Neo-classicismo, romantismo e Impressionismo, bem como ao realismo. Dentro destas categorias, talvez o pintor seja melhor entendido como um Realista Romântico, mas também seria bastante justificada, neste caso, na elaboração de uma escola inteiramente nova de pintura e rotulando-o primeiro, a quintessência Photo-idealista.

A designação é também em que, apesar de Bouguereau nunca ter trabalhado de fotógrafo, recolhia observações fotográficas em tempo real, observações da natureza com uma consciência aguda das qualidades da luz inerente à imagem fotográfica. As raras exceções são alguns retratos, geralmente de assuntos póstumos, que são facilmente identificáveis ​​como derivadas fotográfias que exibem um achatamento atípico e colocam Bouguereau e seus colegas acadêmicos praticarando um método de pintura que tinha sido desenvolvido e aperfeiçoado ao longo dos séculos, a fim de trazer à vida cenas vívidas imaginadas de história, literatura e fantasia.


Fonte: https://www.artrenewal.org/

terça-feira, 19 de julho de 2016

Namibia's Horse


Namibia's Horse 81 x 58 cm

Em um dos lugares mais secos da terra abandonados pelos humanos, há animais que nasceram para sobreviver e outros que sobrevivem apesar das probabilidades. Os Namíbies, libertados há 100 anos.
Namibia’s Horse é um trabalho em homenagem a estes cavalos que sobreviveram no deserto da Namíbia, África.

Em 1908, próximo a Lüderitz no oeste africano, quando os colonizadores encontraram minas de diamante cercaram a área, que denominaram Sperrgebiet ( alemão , que significa "área proibida", também conhecido como Área Diamond 1) favorecendo para o desenvolvimento das cidades que logo se tornariam a base para abrir o país. Devido a Primeira Guerra Mundial, os cavalos foram abandonados por várias fazendas e campos no início do século 20. Sem a presença e o auxílio das pessoas para o alimento tiveram que se adaptar a uma rotina de sobrevivência.

A fonte de água abandonada construída pelos caçadores de fortunas para abastecer as fazendas, foi o que manteve a tropa viva por muitos anos. Na planície desértica com relva escassa os cavalos se distanciavam cada vez mais do poço para encontrar relva, mas sempre eram obrigados a retornar para saciar a sede. Quando já não havia mais alimento nas proximidades, saíam em um longa excursão pelo deserto  a procura de relva.  Andavam juntos seguindo o líder, o cavalo mais forte do grupo, o que também protegia os mais frágeis das ameaças de outros animais, porém, os mais velhos com pouca resistência  caíam de fraqueza e desidratação e se tornavam presas fáceis para as hienas.  Eles nunca podiam se afastar mais de 40 Km da água.

Os cavalos têm sido objeto de vários estudos populacionais, que deram um panorama significativo em sua dinâmica populacional e capacidade de sobreviver em condições desérticas. Apesar de ser considerada uma espécie exótica e rara, hoje eles são autorizados a permanecer devido às suas ligações com a história do país e considerados como uma atração turística.


Namibia's Horse

domingo, 26 de junho de 2016

Entre Montanhas


Entre montanhas o que você vê?
Entre montanhas vejo rios,
 Entre montanhas vejo lagos,
Entre montanhas ouço risos,
Entre montanhas vejo buracos,

Montanhas de um sonho,
Obstáculos de uma vida,
Para onde quer que vá,
Existe um caminho,
Existe em algum lugar,

Alguém entre as montanhas,
Observa e aprende a voar,
Entre montanhas de conhecimento,
Como um pássaro ao se lançar,
Das bordas do seu ninho,
No alto pode alcançar.


A obra "Entre Montanhas" também utiliza a técnica Metaloplastia, criada em alumínio mede 30 x 27cm. E para completar, eis algumas palavras de um grande poeta, Fernando Pessoa:

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por casas, por prados,
Por quinta e por fonte,
Caminhais aliados.

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por penhascos pretos,
Atrás e defronte,
Caminhais secretos.

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por quanto é sem fim,
Sem ninguém que o conte,
Caminhais em mim.

"Fernando Pessoa"

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Xilogravura e Pintura são as técnicas artísticas que encantaram na entrada da Novela “Velho Chico”



(foto: reprodução/ Tv Globo)

Acredito que muitos já tenham visto esta imagem ou parte dela, e sempre me questionei sobre quem seria o artista a produzir maravilhosa obra que parece estar em movimento. Em vários canais de comunicação é possível encontrar uma reportagem sobre a entrada da novela, mas fiz uma triagem e separei aqui o melhor conteúdo.

A abertura de "Velho Chico" abusa das cores e formas para traduzir os sentimentos da história e a arte regional pelas mão de Samuel Casal e Mello Menezes. Gravado em Florianópolis SC no estúdio da Animaking, o trabalho realizado pelos artistas traduz o universo mitológico e simbólico que permeia o rio São Francisco numa narrativa puramente visual. E para dar rítmo às imagens, Caetano Veloso arremata o conjunto da obra cantando "Tropicália".

O painel principal, que mede 1,8m x 1m, levou cinco dias inteiros para ser realizado, mas a concepção da peça demorou mais tempo: começou com uma reunião com o diretor Luiz Fernando Carvalho e os autores Edmara Barbosa, Bruno Luperi e Alexandre Romano, diretor de arte da abertura e ganhou corpo ap´pos uma viagem à Bahia, onde a equipe acompanhou de perto as gravações da novela.

"Isso nos ajudou muito a compreender a real profundidade artística de trabalho. A produção de arte era tão impecável que até cheiros foram reproduzidos em cada ambiente para ajudar os atores a entrar na história. Voltamos com a certeza de que o processo artístico de uma obra real, desenvolvida de forma artesanal era o caminho certo para contar a história na abertura', explica Romano. Segundo ele, foi Carvalho quem apontou a arte dos muralistas sul-americanos, dos artistas do tropicalismo brasileiro, as platibandas coloridas das casas do sertão e as carrancas e artesanato do São Francisco como fontes de inspiração.



O Ritmo da Correnteza

Para casar as imagens com a canção escolhida para abrir Velho Chico, Tropicália, Romano e sua equipe tiveram um novo desafio. "Foi um presente e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade para chegar em uma explosão convergente. A música é desconstruída, falando de tudo ao mesmo tempo com uma dinâmica não linear. Nela buscamos pequenas abstrações para representar sua força de forma visual combinada a força da história, juntando ainda as quebras de ritmo". 

Confira o making of da novela:


"Mello é um artista super talentoso e experiente, que passeia fácil por diferentes estilos e tem uma expressividade incrível nas pinceladas. Procurávamos um artista que trabalhasse com entalhe em madeira ou alguma técnica parecida com a xilogravura para termos a dimensão física do volume e do regionalismo, mas não queríamos nada tão tradicional como o cordel. Encontramos o trabalho incrível do Samuel, que era diferente de tudo que já tínhamos visto".

Samuel Casal nasceu em 1974 e é ilustrador profissional desde 1990. Ilustrador freelancer, quadrinhista e gravurista, também colabora com publicações nacionais e internacionais. Começou no jornal de sua cidade, Caxias do Sul (RS). De lá para cá, já publicou sua arte na Superinteressante, Folha de São Paulo, Le Monde Diplomatique, Exame e Die-Gestalten, entre outras. Publicou HQs na Argentina, França, Alemanha, Bolívia, Chile e Espanha.

Faturou oito prêmios HQMix de 2001 à 2007 e é coautor de um pequeno clássico recente da HQ nacional: Prontuário 666: Os Anos de Cárcere de Zé do Caixão (2008).




O desenho foi desenvolvido durante algumas semanas, e a produção final durou cinco dias de trabalhos simultâneos em um galpão/estúdio em Florianópolis: Mello traçou a base a lápis e começou a cobrir com cores e formas simples, e Samuel dava forma aos desenhos. Por fim, Mello voltava e pincelava detalhes.

 O artista Mello Menezes, durante a produção do mural


"Para o processo da animação stop motion (quadro a quadro), que usamos em algumas partes, Samuel precisava traçar e parar para fotografarmos e isso atrapalhava muito a dinâmica do trabalho dele que é muito intuitivo. A conclusão é que mesmo para os dois artistas experientes, todo trabalho foi uma grande novidade", conta Romano.

A história seguia um roteiro, que contempla lendas da região, como a índia Iati, cujas lágrimas após perder seu amor na guerra dão origem ao São Francisco, além de símbolos, como a serpente (o mal e a cobiça do homem pela natureza) e o cardume (o alimento e a vida vindos de suas águas).

"O cardume vai diminuindo, mostrando a realidade atual do rio, onde nos peixes estão ficando escassos por conta da invasão das águas do mar. Voltamos a ver a serpente e depois dela um homem e uma mulher, separados pelo rio. Eles representam um amor proibido, dividido por famílias que disputam o poder sobre a natureza, e mais a frente se enroscam no amor e viram o rio de amor, com as cores da fauna e flora brasileira, que tomam conta do rio. Em seguida, as embarcações e suas carrancas que espantam o mal, para que os navegantes sigam seguros", explica.

Os arquétipos do homem e da mulher, responsáveis por tomar conta da natureza, são banhados pela energia da vida, representada pelo sol. Embalada por "Tropicália", na voz de Caetano Veloso, a abertura ganhou uma reedição para criar relações entre som e imagem.

"Assim, como uma obra de arte numa galeria, nós deixamos para o público diversas formas de interpretar a história, as referências e seus significados", diz.

Ficha técnica da abertura

Direção de Criação: Sergio Valente, Mariana Sá
Criação: Alexandre Romano, Christiano Calvet, Roberto Stein, Renan de Moraes.
Direção: Alexandre Romano
Direção de Arte: Alexandre Romano, Christiano Calvet
Artistas Plásticos: Mello Menezes e Samuel Casal
Edição: Alexandre Romano
Composição e animação digital: Renan de Moraes, Flavio Mac, Gustavo Duval, Felipe Lobo, Wanderson Andre Santos, Alexandre Romano.
Ilustrador Assistente: Igor Ching San
Produção Executiva: Orlando Martins
Logo design: Christiano Calvet
Atendimento: Carla Sá, Bernardo Magalhães, Suzana Prista, Fabienne Verbicaro
Produção e Stop Motion: AnimaKing

Segue link dos artistas:
Mello Menezes
Sanuel Casal