quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Sátira

Sátira

 

É preciso ter coragem

E não ser vítima da modelagem,

É preciso um curta metragem

Executado em câmera rápida

Pra perceber que nessa viagem

O sistema de vida é uma sátira,

 

Tic-tac trabalhando

Tic-tac vai comendo

Tic-tac batalhando

Tic-tac vai andando

Tic-tac construindo

Tic-tac vai comprando

Tic-tac consumindo

Tic-tac vai banindo

Tic-tac trabalhando

Tic-tac deprimido

Tic-tac comprimido

 

Consumo de alimentos

Sem sumo, sem alento

Consumo de eletrônicos

Sem rumo do lixo crônico,

 

Este ciclo não é condizente

Nossos frutos sem nutrientes

Modificados geneticamente

Problemas nascem das sementes,


Existem muitas pessoas amáveis

Mas não há quem aguente

Quem são os responsáveis?

Quem são os delinquentes?


Poema de Antonio Montibeller

Ilusão

Ilusão

 

Queira ou não,

Todo primeiro encontro

É pura ilusão.


Verdadeira é a pessoa

Que independente das circunstâncias

Continuará segurando sua mão.


Poema de Antonio Montibeller


Leitura Corporal

Leitura Corporal

 

Alguém me olha incessantemente

Ora move pálpebras, lubrifica a lente

Tirando suas próprias conclusões

De vista, apenas de vista pontuou

Sobre minha pessoa sobre quem sou,

Descobrindo verdades ou meras ilusões

 


Mal sabe ela que a conhecerei

Quando abrir sua boca

Quando der seu primeiro passo

Quando sentar e cruzar os braços

Quando mostrar sua mente oca

E quando respirar fundo

Saberei do ego mais profundo

 


Diferentes jeitos de  pessoas

Personalidade no instinto ecoa

Revela fragmentos do íntimo

Como um pássaro que paira no ar

Paira simplesmente porque voa

Gestos que se revelam até o último

Pedaço de terra avistado da proa

Espero que de minha pessoa

Tenham capitado coisa boa. 


Poema de Antonio Montibeller

Despedida

Despedida

 

Agora sem beijos sem desejos

Despeço-me com apenas um abraço,

Pra começar a desfazer este laço

Que começou quando caminhávamos descalços,

 

Inocentes adolescentes desavisados

Agora desobrigados de compromisso

Ser omisso e deixar do vício de te amar,

 

Éramos meros Adolescentes

Entre surpresas de vida subjacentes

Cada um seguirá com seu barco

Com outros ventos neste imenso mar,

 

E pra quebrar esta forte aliança

Vou precisar de um novo mantra

Pra soltar esta nossa âncora

Antes de zarpar em alto mar. 


Poema de Antonio Montibeller

Aos Sete

Aos Sete

 

Para tudo que olho

É tudo novo de novo

O céu a água e o solo

Até o cisco no olho

Quem precisa de colo?

Vim dar o primeiro voo,

 

Fazer de um pequeno pomar

Uma floresta encantada

Sentir a liberdade de explorar

Pés na grama e depois na calçada

 

Ingênuo sentimento inocente

Atravessar o morro ao vento

Ver pequenos animais e pouca gente

Brincar de bola pipa catavento


A noite seguir para casa

Contando estrelas cadentes.

Quando criança vivia sorridente

Vivendo o eterno presente.


Poema de Antonio Montibeller

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Soldado Branco

Soldado Branco


Eu com jaleco branco imundo

Com esperança de curar o mundo

Na fila a menina triste diz que dói

Saudade do pai viajando em Ilinóis

A confiança a gente que constrói

Uma ponte de coração pra coração

Grande como a ponte Rio Niterói,

 

Chego perto logo me agacho

Ela chora e olha para baixo

Olho nos seus olhos me abaixo

Não quer ver mais ninguém

 

Enxugo suas micro lágrimas

O mundo num mico em lástimas

-As pequenas fadas choram pápricas

-Elas fazem mágicas e fica tudo bem

 

Como mago tiro a fita do vaso.

Num passo faço um lindo laço

Amarro no seu pequenino braço,

Menina, vai ficar tudo bem,

 

Trazendo alegria do doutor palhaço

Dobraduras de papel, um barco eu faço

Parecia um chapéu no seu lindo arco

No seu rosto um sorriso tem.

Meu bem

Fique bem

 

Vai ó vento vai

No alto morro eu quase morro com esse amor voraz,

Vai ó grande pai

Mostra o sentido do que foi sentido pelo capataz,

Vai ó vento vai

Sinto-me leve que me leve e diga onde vaz,

Vai ó grande pai

Abra caminho onde caminho sigo seus sinais,

Vai ó vento vai

Soprar o canto pra levantar o canto desses animais.


Em outra época

Com estopim na mão

Não sei bem certo

Se eu estava certo ou não

 

Com entorpecente a gente sempre sente,

Talvez fosse um sonho ou outra dimensão

Mas na vida que se repete eu era chefe

Capitão de batalhão

 

Eu com a farda imunda toda rasgada

Sentia um zumbido dentro do ouvido

Por causa do estrondo doutra granada

Cuturno imundo era o fim do mundo

O coração sentia bem lá no fundo.

Quero o fim da guerra, ó Imaculada!

 

Na mina a menina triste diz que dói,

Liberdade quando tínhamos todos nós

Amigos soldados presos nos anzóis

Da nossa grande pátria virei herói

Mas a falta de amor e piedade 

Se exalta no terror e nos destrói


No canto a menina aos prantos

Ah como eu queria mas queria tanto

Que tudo acabasse e a guerra vir a sucumbir

E a menina cantasse, e novamente vê-la sorrir

 

Vai ó vento vai

No alto morro eu quase morro com esse amor voraz,

Vai ó grande pai

Mostra o sentido do que foi sentido pelo capataz,

Vai ó vento vai

Me sinto leve que me leve e diga onde vaz,

Vai ó grande pai

Abra caminho onde caminho sigo seus sinais,

Vai ó vento vai

Soprar o canto pra levantar o canto desses animais.


Poema de Antonio Montibeller


O Palhaço

O Palhaço

 

Olhe pra você aí

Inserido no sistema,

Espero que você se contenha

Pois você não está em Viena

Tão pouco em Madrid,

Ou você segue ordens de alguém

Ou você está ordenando reféns.

E há ainda aqueles que ordenham.

 

Ou você é presa

Ou você é predador,

É preciso entender a manha

Usufruir de suas artimanhas

Como a destreza de um beija-flor,

 

Crucial momento frente a portas

Antes de escolher umas das rotas

Cobiçamos a encontrar uma prova

Algo que nos acalma e nos conforta

Para um caminho sem pólvora e dor,

 

Em debates damos voltas e voltas

Cansamos andando em círculos

Criando obstáculos entre amigos

E revoltas entre opiniões opostas,

 

A voz do povo contra o povo

Humanos contra humanos

Tornou-se normal o mundo insano

E todos ainda querem viver cem anos,

 

Pela embaixada da província

Na manchete ou tele notícia

Indagam exclamadas parvoíces

Em meio às acrobacias e tolices

Vemos as pedaladas no monociclo

Blefes em prometer um novo ciclo

O mundo se transforma num circo

E a intelectualidade posta ao ridículo.


Poema de Antonio Montibeller